Em um evento em Cupira, município no Agreste de Pernambuco, a governadora do estado Raquel Lyra (PSD) sofreu vaias durante uma agenda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 2 de dezembro passado. Durante o discurso, a governadora pretendia falar sobre a inauguração da Barragem de Panelas II, obra que foi visitada pelo presidente, também com o objetivo de entregar obras hídricas e outras inaugurações no contexto do programa Caminho das Águas. Além de entregar obras e realizar inaugurações, o presidente Lula havia visitado outras cidades da região para levar água do rio São Francisco às regiões secas e semiáridas do Nordeste.
A governadora Lyra havia se reunido com o presidente Lula em Cupira para discutir projetos importantes para o desenvolvimento de Pernambuco. No entanto, ao começar a falar em público, a governadora foi interrompida por vaias da plateia. Apesar das vaias, Raquel Lyra não perdeu a compostura e respondeu afirmativamente, dizendo que, “se fosse homem, não estaria sendo vaiada”. Esse comentário não passou despercebido pelo público, que também estava dividido sobre a atuação da governadora do estado. O prefeito de Recife, João Campos (PSB), também estava presente no evento e não foi mencionado como tendo se envolvido nas vaias.
O contexto institucional em torno da inauguração da Barragem de Panelas II e da agenda do presidente Lula em Pernambuco é um dos pontos a serem observados. A governadora Lyra havia sido convidada a participar do evento e a discursar, o que sugere que havia um entendimento prévio entre a governadora e o presidente sobre a importância das obras de infraestrutura para o estado. Porém, o fato de a governadora ser vaiada indica que há algum descontentamento entre a população local com seu desempenho. Além disso, a governadora Lyra também mencionou que a retomada das obras da Barragem Igarapeba estava sendo retomada, o que é um investimento para o futuro do estado.
A reação da governadora à sua própria vaiada é um fator para ser observado em torno das consequências práticas. Ao usar o argumento de que, “se fosse homem, não estaria sendo vaiada”, Raquel Lyra pode estar tentando chamar a atenção para as desigualdades de gênero e de tratamento dentro da política. Contudo, não fica claro se essa foi uma estratégia para acalmar a população local e apaziguar as críticas. Também não fica claro se, a longo prazo, essa atitude da governadora vai influenciar as relações institucionais e com a população em torno de seu governo.
