Em 2002, o Iron Maiden lançou “Beast over Hammersmith”, um material ao vivo gravado em 1982 que ficou guardado por duas décadas antes de chegar às mãos dos fãs em formato de áudio na edição Eddie’s Archive. O mesmo conteúdo foi relançado em 2022 em vinil, em comemoração aos 40 anos de “The Number of the Beast”, mas a versão em vídeo nunca saiu oficialmente na íntegra. Esse fato ressalta a importância de um registro que, apesar de ser parte de um dos momentos mais exuberantes da banda, ficou oculto por questões técnicas e de produção.
O show foi filmado no Hammersmith Apollo, Londres, dois dias antes do lançamento do álbum icônico “The Number of the Beast”. Na época, Bruce Dickinson estava apenas começando a se firmar como vocalista da Donzela de Ferro, enquanto Clive Burr ainda desempenhava o papel de baterista, sendo a última apresentação com ele antes de sua demissão. A gravação captura a primeira turnê com Dickinson, trazendo um sentimento de novidade e energia que se tornou característico do som da banda. Em entrevistas, o baixista Steve Harris apontou que a equipe de filmagem não havia realizado as lições de casa, visitando os shows anteriores, o que resultou em iluminação insuficiente e, segundo ele, impossibilitou a liberação de um vídeo de qualidade que não fizesse uma “fraude” visual ao público.
Do ponto de vista artístico, a performance reúne uma seleção de hinos dos primeiros três álbuns de estúdio: “Iron Maiden”, “Phantom of the Opera”, “Wrathchild”, “Killers”, “22 Acacia Avenue”, “Run to the Hills”, “The Number of the Beast” e “Hallowed Be Thy Name”, entre outros. O conjunto evidencia a maestria da banda em traduzir a complexidade das composições para o palco, mantendo o dinamismo que caracteriza o heavy metal britânico. O áudio, disponibilizado na coleção de seis discos da Eddie’s Archive, oferece aos ouvintes uma experiência sonora que complementa o histórico visual parcial encontrado em compilações como o VHS “12 Wasted Years” (1987).
A ausência de uma edição completa em vídeo também reflete o cuidado com a qualidade e a integridade do material. Mesmo com a tecnologia de gravação de alta fidelidade disponível nos anos 80, a limitação nas luzes acabou por reduzir o valor potencial de um lançamento visual. Contudo, a decisão de manter o conteúdo apenas em áudio pode ter sido motivada pela preservação do legado da banda, garantindo que o foco permaneça na música e não em imperfeições técnicas. O relançamento em 2022 em formato de vinil, associado a um pacote comemorativo, sinaliza o contínuo interesse dos colecionadores e a relevância histórica de “Beast over Hammersmith” dentro do catálogo do Iron Maiden.
