Chapecó amanheceu em clima de homenagem nesta sexta-feira (28) ao completar-se nove anos da queda do voo 2933 da LaMia, o acidente que matou 71 pessoas e interrompeu a histórica campanha da Chapecoense na Copa Sul-Americana de 2016. A aeronave, que transportava jogadores, comissão técnica, dirigentes, jornalistas e tripulantes, caiu próximo a Medellín, na Colômbia, após ficar sem combustível; seis passageiros sobreviveram. A data coincide com a recente conquista do clube: no domingo (23), a equipe voltou à Série A ao vencer o Atlético-GO por 1 x 0 na Arena Condá, reeditando, em 2025, o ambiente de esperança que cercava o time nove anos antes.
O voo partiu de Santa Cruz de la Sierra sem margem de segurança na carga de querosene. A falta de combustível provocou pane seca e falha elétrica quando o avião já se aproximava do aeroporto José María Córdova, levando o piloto a declarar emergência minutos antes do impacto na região montanhosa de La Unión. Investigadores colombianos e bolivianos concluíram que a LaMia ignorou protocolos básicos: não realizou escala para reabastecimento e elaborou plano de voo com autonomia insuficiente para cobrir a rota de 2.970 km. A queda ocorreu às 21h55 (horário local) de 28 de novembro de 2016; 19 membros da delegação chapeana, 17 jogadores, 14 comissários de bordo, 9 técnicos, 5 dirigentes, 3 árbitros e 4 jornalistas morreram no local.
A tragédia mobilizou o futebol internacional. O então campeão da Libertadores, Atlético Nacional, solicitou à Conmebol que a Chapecoense fosse declarada campeã da Sul-Americana; o título foi oficializado em 5 de dezembro de 2016. Clubes brasileiros ofereceram empréstimo de atletas e vaga nas competições nacionais, medida que manteve o clube em atividade nos campeonatos de 2017. Dos seis sobreviventes — os jogadores Jackson Follmann, Neto e Alan Ruschel, o jornalista Rafael Henzel e os tripulantes Erwin Tumiri e Ximena Suárez — apenas Ruschel retornou aos campos profissionais, atuando em 2018. Neto tentou reabilitação, mas encerrou o sonho de voltar a jogar; Follmann teve a perna direita amputada e passou por reabilitação prolongada.
A cidade de Chapecó, com cerca de 220 mil habitantes, transformou o dia 28 de novembro em luto permanente. Celebrações e jogos do clube passaram a incluir minuto de silêncio, e o Museu da Chapecoense, inaugurado em 2017, recebe média de 1,2 mil visitantes mensais. Em números, a tragédia provocou 71 óbitos, resultou em 13 processos judiciais na Bolívia e na Colômbia e levou à suspensão definitiva da LaMia em 2018. A volta à elite nacional em 2025, após três temporadas na Série B, reforça o ciclo de reconstrução iniciado com o centésimo dia de luto oficial decretado em Santa Catarina em dezembro de 2016.
