As ceias de fim de ano são momentos de confraternização e celebração, mas também podem ser um desafio para muitas pessoas que lutam contra a vontade de comer em excesso. A comida deixa de ser apenas alimento e passa a funcionar como conforto, afeto e sensação de pertencimento, levando muitas pessoas a comer além do necessário. Isso ocorre porque o cérebro associa essas datas à recompensa, ao prazer e ao pertencimento, tornando os alimentos mais atrativos do que seriam em outra época do ano. A dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer, à motivação e à expectativa, entra em ação antes mesmo da comida chegar à mesa, explicando por que muitas pessoas exageram na ceia de Natal.
Do ponto de vista neurológico, o comportamento de comer em excesso em datas comemorativas tem explicação. A junção de compulsão alimentar, fome emocional e datas comemorativas ativa um terreno emocional sensível. A fome emocional aparece de repente e costuma ter um desejo específico, ignorando os sinais de saciedade. Já a fome fisiológica surge aos poucos e aceita qualquer tipo de alimento. Além disso, o ambiente das festas também contribui, com música, conversas, estímulos visuais, reencontros familiares, ansiedade e álcool competindo com a atenção do cérebro. O álcool, por sua vez, reduz o controle inibitório, dificultando perceber quando já se comeu o suficiente.
É importante diferenciar fome física de fome emocional para entender o que está por trás do exagero. A fome física costuma vir acompanhada de sinais claros do corpo, como estômago roncando e salivação, e tende a desaparecer após a refeição. Já a fome emocional não se satisfaz com qualquer coisa e persiste mesmo após comer. Alimentos ricos em açúcar e gordura intensificam ainda mais o processo de busca por prazer e alívio emocional, oferecendo prazer rápido e intenso, mas de curta duração. Isso faz com que o cérebro queira repetir a experiência, aumentando o risco de comer em excesso.
Em geral, é essencial estar atento aos sinais do corpo e ao ambiente para evitar comer além do necessário. Perder a escuta do corpo em meio a muitos estímulos externos pode levar a excessos. Também é importante lembrar que a comida é apenas alimento e não deve ser usada como conforto ou afeto. Com essas informações, é possível entender melhor por que exageramos na ceia de Natal e, quem sabe, encontrar formas de aproveitar a celebração sem excessos.
