A prestigiada revista britânica Empire, referência mensal há 35 anos entre cinéfilos e críticos, acaba de revelar sua seleção definitiva dos 100 filmes mais celebrados de toda a história do cinema. Produzida a partir de indicações de leitores fiéis e depois validada por redatores veteranos, a lista pretende funcionar como um mapa afetivo e técnico das obras que moldaram o imaginário popular desde 1895. Ao cruzar popularidade com qualidade artística, a publicação oferece ao público — inclusive ao brasileiro, cada vez mais conectado a catálogos internacionais — um raio-X de longas que resistem ao desgaste do tempo e às oscilações de gosto, servindo de guia seguro para maratonas de fim de semana ou estudos sobre evolução estética da sétima arte.

    Entre os títulos que compõem a centena, destacam-se experimentos narrativos que revolucionaram o roteiro contemporâneo, como Cães de Aluguel (1992), longa de estreia de Quentin Tarantino que redefiniu a estrutura temporal em thrillers de baixo orçamento, e Donnie Darko (2001), de Richard Kelly, que mescla ficção científica e drama adolescente em uma trama circular que cultiva debates até hoje. A direção também ganha nuances variadas: o francês Jean-Pierre Jeunet colore O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001) com simetria e paleta vibrante, enquanto o britânico Edgar Wright dinamiza a comédia ao empregar cortes ritmados e transições sonoras em Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010) e em Todo Mundo Quase Morto (2004). Sem recorrer a grandes revelações de enredo, vale observar como cada cinegrafo equilibra personagens carismáticos com universos visualmente marcantes, criando laços empáticos que transcendem gerações.

    Quando o foco é elenco, a lista reúne performances que se tornaram paradigma: o desempenho de Ang Lee em O Segredo de Brokeback Mountain (2005) depende de uma contida intensidade dramática dos protagonistas, já O Profissional (1994), de Luc Besson, conjuga a vulnerabilidade infantil de Natalie Portman com a solidez de Jean Reno para construir um binômio incomum dentro do thriller de ação. A fotografia, por sua vez, oscila entre o clima desértico e os closes suados de Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), dos irmãos Coen, e a frieza urbana futurista de O Exterminador do Futuro (1984), primeiro capítulo de uma franquia que James Cameron expandiria em sequências e reinícios. Temas recorrentes — identidade, destino, memória — reaparecem em contextos distintos, reforçando que a perenidade dessas obras reside na capacidade de ressonar questões universais por meio de ambientações específicas, seja uma Paris idealizada ou uma Los Angeles cyberpunk.

    A lista ainda abraca gêneros aparentemente díspares, mas que dialogam pelo impacto cultural: o horror psicológico de O Exorcista (1973), de William Friedkin, insere-se no ranking próximo ao blockbuster romântico Titanic (1997), de James Cameron, evidenciando que a revista valoriza tanto inovação de efeitos quanto perturbação emocional. Propostas mais recentes, como a reflexiva Retrato de uma Jovem em Chamas (2020), de Céline Sciamma, e a refinada comédia familiar Paddington 2 (2017), de Paul King, provam que o século XXI já produziu clássicos capazes de conviver lado a lado com os ícones do século passado. Ao trazer essa diversidade para o centro da discussão, a Empire convida o espectador a perceber que “melhor” não significa uniformidade; antes, representa um espectro de emoções e técnicas que, reunidas, traçam o mapa vivo da arte cinematográfica.

    Camilo Dantas é redator profissional formado pela USP, com mais de 15 anos em jornalismo digital e 25 anos de experiência em SEO e estratégia de conteúdo. Especialista em arquitetura semântica, otimização para buscadores e preparação de conteúdo para LLMs e IAs, atua como uma das principais referências brasileiras em SEO avançado. Também é formado em Análise de Sistemas com foco em Inteligência Artificial, unindo expertise técnica e editorial para produzir conteúdos de alta precisão, relevância e performance. Contato: [email protected]