Em novembro de 2025, a Coca-Cola Brasil tornou-se alvo de questionamento do Departamento de Estado dos Estados Unidos por patrocinar o XXVI Congresso Nacional do Ministério Público (Conamp), cuja programação incluiu palestra do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes foi incluído em julho na lista de sanções da Lei Magnitsky, editada pelo governo Donald Trump, o que proíbe cidadãos estrangeiros considerados violadores de direitos humanos de transacionar com empessoas ou empresas sob jurisdição norte-americana. A empresa, sediada em Atlanta, afirmou à coluna que selou o patrocínio sem conhecer previamente a relação de palestrantes e que não participou da organização do evento, realizado em Brasília com ingressos que variaram de R$ 820 a R$ 1.020.
A Conamp reúne anualmente membros do Ministério Público brasileiro e convidados para debater políticas institucionais. Em 2025, o tema foi “O MP do futuro: democrático, resolutivo e inovador”. A Coca-Cola declarou ser parceira institucional da entidade “há vários anos” e limitou-se a fornecer apoio financeiro, sem influenciar a escolha de expositores. O Departamento de Estado, por meio de um oficial de direitos humanos, telefonou pessoalmente para um executivo da companhia para ressaltar o risco de sanções secundárias previstas na Magnitsky: empresas que prestem “apoio substancial” a indivíduos sancionados podem ser alvo de congelamento de bens ou restrições comerciais nos Estados Unidos.
A lei, originalmente direcionada a autoridades russas envolvidas na morte do advogado Sergei Magnitsky, foi ampliada para abrangir violações em qualquer país. A inclusão de Moraes baseou-se em acusações de abuso de autoridade em decisões relacionadas a fake news e atos antidemocráticas no Brasil. Autoridades da Casa Branca indicam que, no caso da Coca-Cola, a medida mais provável será uma advertência formal, sem chegar a punições econômicas imediatas. Ainda assim, o episódio projeta sobre corporações multinacionais o dilema de verificar listas de palestrantes antes de patrocinar eventos públicos, especialmente quando envolvem figuras alvo de sanções norte-americanas.
