O Internacional anunciou na tarde deste domingo (30) a contratação de Abel Braga para o lugar de Ramón Díaz, mas a estreia do técnico no Beira-Rio foi ofuscada por declarações homofóbicas dadas na coletiva de apresentação. Em meio à luta contra o rebaixamento na Série A, o clube gaúcho troca de comando técnico pela segunda vez em menos de dois meses e, com cinco jogos sem vitórias, soma 37 pontos na tabela, dois acima da zona de degola. A frase de Abel, reproduzida nas redes sociais minutos após a entrevista, gerou reação imediata de torcedores, atletas e entidades de defesa dos direitos humanos, mas o Inter ainda não se manifestou oficialmente sobre o episódio.
Abel Braga, 73 anos, retorna ao clube onde conquistou a América em 2006 e o Brasileirão de 1979 como jogador. Seu último trabalho no Beira-Rio terminou em 2021, com vice-campeonato gaúcho. Agora, ele assume uma equipe com 9 derrotas nas últimas 13 rodadas e apenas 27 gols marcados em 33 jogos — o segundo pior ataque entre os times que ainda não caíram. O treinador terá 72 horas para armar o time que enfrenta o São Paulo, quarta-feira (3), às 20h, no Morumbi, onde o Inter não vence desde 2020. No domingo (7), recebe o Bragantino no Beira-Rio, em partida que pode definir o futuro na elite: um tropeço, combinado com vitórias de Criciúma e Vitória, deixa o clube dependente de combinações de resultados na última rodada.
A troca de comando ocorre após a polêmica envolvendo Ramón Díaz, demitido na sexta (28) após declaração machista pós-empate com o Bahia. O argentino deixou o Inter na 17ª colocação, com 36 pontos, e Abel chega tentando repetar o bom retrospecto contra o perigo: em 2017, ele escapou do rebaixamento com o Vasco na penúltima rodada. O novo técnico poderá contar com o retorno do volante Gabriel, recuperado de lesão na coxa, e com a boa fase de Enner Valencia, autor de 4 gols nos últimos 6 jogos. A provável equipe para o Morumbi deve ter Lomba; Bustos, Vitão, Rodrigo Moledo e Renê; Gabriel, Alan Patrick e Bruno Gomes; Maurício, Wanderson e Valencia. A missão é vencer para alcançar, no mínimo, a 16ª posição e depender apenas das próprias forças na rodada final.
Fora de campo, o clube corre contra o tempo para evitar punições judiciais. A declaração de Abel foi classificada como “grave infração” pelo Departamento de Direitos Humanos do Ministério do Esporte, que pode abrir processo administrativo e solicitar suspensão imediata do treinador. O Inter, que tem patrocinador master vinculado a programa de inclusão, corre risco de perder R$ 15 milhões em cotas caso o caso vá para o STJD. Enquanto isso, a torcida organizada Colorados Livres divulgou nota pedindo “postura ética” e ameaça protesto na entrada do CT. Abel, por enquanto, segue à frente do grupo; sua continuidade depende do resultado em São Paulo e de uma posição oficial do conselho deliberativo que deve sair até terça-feira.
