Deputados têm pressionado o presidente da Câmara, Hugo Motta, para agilizar a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que visa limitar as decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente após a decisão do ministro Gilmar Mendes que restringiu pedidos de impeachment de ministros do STF. Essa pressão teve início na quarta-feira, quando Gilmar Mendes proferiu sua decisão, desencadeando uma crise com o Congresso Nacional. Desde então, pelo menos quatro deputados oficializaram pedidos para que Motta crie a comissão especial que debaterá o mérito da proposta. Os requerimentos foram feitos pelos deputados Thiago de Joaldo, Carla Dickson, Gustavo Gayer e Chris Tonietto, mostrando um interesse amplo em avançar com a tramitação da PEC, que já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em outubro de 2024, mas que está parada desde então.
A PEC em questão proíbe decisões individuais de ministros da Corte que afetem leis ou atos dos presidentes da República, da Câmara e do Senado, permitindo-as apenas durante o recesso parlamentar. Além disso, um projeto de lei com limitações ao regime de decisões monocráticas do STF foi aprovado pela CCJ da Câmara, prevendo a obrigatoriedade de apreciação dessas decisões nas turmas ou no plenário da Corte. Essas iniciativas refletem uma preocupação do Congresso Nacional em relação ao papel do STF e sua capacidade de tomar decisões que impactam significativamente a legislação e a governança do país. A votação da PEC foi cobrada pelo próprio presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, que defende a necessidade de alterar as atuais regras para decisões monocráticas do STF. Mesmo o líder do governo Lula no Senado, Jaques Wagner, tem defendido a PEC, argumentando que ela pode ajudar a pacificar as relações entre os Três Poderes.
A tramitação da PEC e as discussões em torno das decisões monocráticas do STF ocorrem em um contexto de tensões institucionais entre o Judiciário e o Congresso Nacional. A capacidade do STF de tomar decisões que influenciam a legislatura e a governança do país tem sido objeto de debate, com alguns argumentando que essas decisões extrapolam os limites constitucionais do papel do Judiciário. A PEC que limita as decisões monocráticas é vista, por muitos, como uma forma de reequilibrar o sistema de checks and balances entre os poderes, garantindo que o STF não ultrapasse suas atribuições constitucionais. No entanto, também há aqueles que defendem a autonomia do Judiciário e a importância de suas decisões para a proteção dos direitos fundamentais e a manutenção da ordem constitucional.
A pressão dos deputados para a agilização da tramitação da PEC reflete a complexidade e a sensibilidade do tema, que envolve questões profundas sobre o papel dos poderes da República e a distribuição de competências entre eles. A decisão do ministro Gilmar Mendes e a reação do Congresso Nacional sinalizam uma nova rodada de discussões sobre os limites do poder judiciário e a necessidade de um diálogo mais profundo entre os Três Poderes para encontrar um equilíbrio que atenda às necessidades de governabilidade e proteção dos direitos fundamentais. A evolução dessa situação política será observada de perto, tendo em vista as implicações significativas que as decisões tomadas poderão ter para o futuro do país e para a relação entre os poderes da República.
