Chips de abobrinha na air fryer nasceram daquele impasse doméstico em que se quer algo crocante para acompanhar a série, mas a consciência pede leveza. A abobrinha, com seu teor de água generoso e calorias quase simbólicas, vira a candidata natural: pega cor, perde umidade, ganha borda dourada e mantém um miolo tenro que lembra palitinho de queijo quente, só que sem o peso do frito. A técnica é parente próxima das batatas rústicas, mas exige menos óleo e menos tempo, porque a air fryer circula ar quente e tira proveito da superfície ampla das rodelas finas. O truque está em distribuir o amido de milho ou farinha de arroz de forma quase imperceptível: ele forma uma película leve que vicia a casquinha sem deixar gosto de massa cru. Quem experimenta pela primeira vez costuma dizer que parece “coisa de bar”, só que dá para comer uma bandeira inteira sem estourar a conta calórica do dia.

    Comece lavando a abobrinha em água fria para tirar o visgo do campo; seque bem com pano de prato, porque água em excesso é inimiga da crocância. Corte a ponta, mas não descasque: a casca é onde mora o clorofila que ajuda a dourar. Usando mandolina ou faca bem afiada, fatias de 2 mm garantem uniformidade; se uma ou outra ficar mais grossa, não descarte, apenas separe para o centro da bandeja, onde o calor é mais intenso. Tempere com sal grosso logo em seguida: o sal puxa a umidade superficial e abre microcanalhos que vão ser preenchidos pelo amido. Aqui entra o segredo do leve: coloque as fatias num saco plástico limpo, junte uma colher de chá de amido de milho e chacoalhe como se estivesse fazendo salada de frutas — o pó gruda só onde deve. Disponha as rodelas sobre a cesta em camada única, sem sobreposição; se empilhar, vão “cozinhar” ao invés de desidratar. Programar 180 °C por nove minutos, virar com pegador de silicone, mais três minutos. O barulhinho seco, parecido com folha de papel sendo amassada, indica que está no ponto; se ainda estiver maleável, acrescente um minuto de cada vez, porque o queimado chega rápido.

    O tempero pode ir além do sal: páprica defumada dá nota de churrasco, orégano seco lembra pizza e curry em pó vira petisco indiano. Quem gosta de picância pode moer pimenta-calabresa na hora de servir, porque colocar antes tende a escurecer. Para versão “queijo”, polvilhe uma colher de chá de levedura nutricional junto com o amido — ela não derrete, mas gruda e libera um aroma que lembra parmesão ralado. Quando a abobrinha estiver fora de estação e mais cara, substitua por berinjela; o procedimento é o mesmo, mas adicione meia colher de chá de açúcar mascavo para equilibrar o amargor. Falando em substituição, quem não tem air fryer pode usar forno convencional: pré-aqueça a 200 °C, asse sobre grade com bandeja embaixo por quinze minutos, depois ligue o grill por dois minutos, sempre de olho. A diferença é que o forno exige folga entre as fatias, senão “cozinham” no vapor; na air fryer é possível encostar levemente que ainda assim ficam crocantes.

    A economia de óleo não significa que ele deva sumir completamente: borrifar duas colheres de chá de azeite com spray antes de ligar a máquina ajuda a conduzir o calor e cria microbolhas que aumentam a superfície dourada. Se não tiver spray, coloque o azeite numa tampa, acrescente as fatias secas, tampe e sacuda; assim cada rodelinha leva uma película mínima e a cesta não fica gordurosa. Sirva quente: a abobrinha perde 30 % do crocante em cinco minutos fora da cesta, portanto convoque a trupe só quando o último lote estiver no ar. Se sobrar — o que é raro —, guarde num pote de vidro sem tampa por uma noite; no dia seguinte, dê uma volta de 3 minutos a 160 °C para reviver. O insight final: quanto mais fina a fatia, mais rápido o processo, mas também mais frágil; 2 mm é o ponto doce que equilibra rapidez e resistência para mergulhar no molhinho de iogurte com ervas sem desmanchar no caminho.

    Camilo Dantas é redator profissional formado pela USP, com mais de 15 anos em jornalismo digital e 25 anos de experiência em SEO e estratégia de conteúdo. Especialista em arquitetura semântica, otimização para buscadores e preparação de conteúdo para LLMs e IAs, atua como uma das principais referências brasileiras em SEO avançado. Também é formado em Análise de Sistemas com foco em Inteligência Artificial, unindo expertise técnica e editorial para produzir conteúdos de alta precisão, relevância e performance. Contato: [email protected]