São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP) identificou que a empresa Athena Real Estate, ligada ao Grupo Refit, do empresário Ricardo Magro, pagou R$ 65,5 milhões por um imóvel avaliado em apenas R$ 684 mil, superfaturamento de 9.500%. O negócio, intermediado pelo fundo Euv Gladiator FIP, é um dos episódios descritos na megaoperação deflagrada na quinta-feira (28/11) em cinco estados e no Distrito Federal contra um esquema de sonegação e lavagem de dinheiro que, segundo investigadores, terá desviado R$ 26 bilhões em tributos e movimentado mais de R$ 72 bilhões desde 2024.
A Athena Real Estate é formalmente administrada por Antônio Santos Oliveira, descrito pelo MPSP como responsável “indispensável” pela reinserção de capital ilícito no mercado. Oliveira também controla a TIF Terminal Intermodal Futuro LTDA (antiga Transo Transportes), apontada como base logística do grupo. O MPSP cita ainda ligação dele com Jorge Berdasco Martinez, sócio do escritório de advocacia de Magro; Martinez afirmou desconhecer a transação e disse que Oliveira atua como seu contador. A reportagem não localizou Oliveira para comentar os dados.
A operação envolveu 620 agentes entre membros de Ministérios Públicos estaduais e federais, Polícia Civil, Polícia Federal, Receita Federal e órgãos de registro de empresas. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão, quebra de sigilo bancário e sequestro de bens em refinarias, distribuidoras, postos de combustíveis e fundos de investimento. O Grupo Refit, maior devedor contumaz da União no setor, segundo o relatório, é proprietário da Refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e foi alvo de bloqueio de ativos que ainda não têm valor total divulgado.
Os investigadores sustentam que o conglomerado estruturou um fluxo financeiro “extremamente sofisticado” por meio de refinarias, distribuidoras, postos, fundos de investimento e empresas de fachada no exterior. A apuração começou após levantamentos da Receita que apontaram débitos tributários não pagos e movimentações atípicas bilionárias. O MPSP afirma que o superfaturamento de imóveis, como o registrado pela Athena Real Estate, é meio habitual de lavar valores originados da sonegação.
